Publicidade
domingo, 27 abril 2025
Publicidade
HomeSaúde62% dos brasileiros evitam procurar médico mesmo quando precisam, aponta estudo

62% dos brasileiros evitam procurar médico mesmo quando precisam, aponta estudo

Publicidade

Mais de seis em cada dez brasileiros que precisaram de atendimento médico no último ano simplesmente desistiram de procurar ajuda. A principal porta de entrada para o sistema público e privado de saúde — a Atenção Primária à Saúde (APS) — tem falhado em garantir o acesso inicial ao cuidado, revela o primeiro módulo da pesquisa “Mais Dados Mais Saúde”, divulgada nesta quinta (25).

O estudo, conduzido pelas organizações Vital Strategies e Umane, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e apoio do Instituto Devive e da Resolve to Save Lives, entrevistou 2.458 brasileiros adultos entre agosto e setembro de 2024.

Os motivos para não buscar atendimento, mesmo em situações de necessidade, são múltiplos e apontam tanto problemas estruturais quanto culturais. Entre os principais entraves citados estão a superlotação e demora no atendimento (46,9%), burocracia no encaminhamento (39,2%), o hábito da automedicação (35,1%) e a crença de que o problema de saúde não era grave (34,6%).

O levantamento mostra que há uma sobrecarga no sistema, mas também um comportamento recorrente de recorrer a soluções não médicas, o que pode agravar quadros simples.

Além da desistência, a dificuldade em conseguir atendimento mesmo após a procura também é expressiva. Entre os entrevistados, 40,5% afirmaram ter buscado ajuda médica sem sucesso. As razões vão desde o tempo de espera excessivo (62,1%) até a falta de equipamentos (34,4%), ausência de profissionais qualificados (30,5%) e falta de atenção durante o atendimento (29%).

“Como porta de entrada do SUS e em seu papel de ordenadora do cuidado, a Atenção Primária à Saúde deve estar organizada de modo a garantir que a maioria das questões de saúde da população sejam preveníveis e tratáveis, sem que evoluam para quadros mais complexos. Fortalecer estes mecanismos para que a população busque cuidado oportunamente quando necessário e receba o atendimento que precisar é fundamental para termos um sistema de saúde mais eficiente e resolutivo, afirma Thaís Junqueira, superintendente-geral da Umane.

Para os especialistas envolvidos, os dados evidenciam que existem importantes pontos de melhoria para que a APS cumpra integralmente seu papel de prevenir, tratar precocemente e coordenar o cuidado.

Ainda assim, a qualidade percebida por quem conseguiu ser atendido apresenta nuances positivas. A maior parte dos respondentes avaliou bem o respeito à privacidade (79,2%) e a clareza das explicações fornecidas (75,1%). Também receberam avaliações favoráveis a confiança no profissional (67,8%), a possibilidade de fazer perguntas (64,4%) e a participação nas decisões sobre o tratamento (59,8%). No entanto, o tempo de espera e a dificuldade de encaminhamento continuam sendo pontos críticos — foram mal avaliados por 57,6% e 51,5% dos entrevistados, respectivamente.

“Esses achados sugerem que, embora a maioria dos usuários do sistema de saúde público e privado relate experiências positivas em suas consultas, persistem desafios importantes e estruturais que dificultam o acesso e a qualidade da Atenção Primária à Saúde. São necessárias melhorias que garantam investimentos contínuos e aprimoramento dos serviços para promover maior equidade no cuidado à saúde da população, afirma Luciana Sardinha, diretora-adjunta de doenças crônicas não transmissíveis da Vital Strategies

Toda a coleta foi realizada online, com anúncios segmentados para alcançar uma amostra nacional representativa — ajustada segundo dados do Censo 2022 e da PNS 2019. O formato permitiu a coleta de dados em tempo recorde, com baixo custo e grande capilaridade. “Esse é um passo importante para modernizar a vigilância em saúde e responder rapidamente a contextos emergenciais”, avalia Pedro de Paula, diretor-executivo da Vital Strategies.

Além de fornecer um diagnóstico sobre o acesso à APS, o inquérito tem também uma função internacional. O questionário utilizado está sendo testado em diversos países, com o objetivo de validar uma nova escala global de avaliação da atenção primária.

Fonte: Agência Bori

Relacionados
Publicidade

Veja também