Setenta e dois estudantes de quatro escolas passaram no vestibular de uma das maiores universidades públicas do país
Horas incansáveis de estudos e uma ampla rede de apoio dos professores para que os alunos pudessem realizar o sonho de ingressar na Universidade de Brasília (UnB). Este ano, 72 estudantes de quatro escolas da rede pública de ensino do DF passaram no vestibular de uma das mais conceituadas instituições públicas de ensino superior do país.
Em Planaltina, 26 alunos do Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois estão na lista dos aprovados para estudar na UnB. Enquanto isso, no Centro Educacional (CED) 8 do Gama, pelo menos 12 estudantes também conseguiram uma vaga.
O Centro de Ensino Médio (CEM) 01 de Brazlândia é outro que coleciona aprovações: foram pelo menos 28 estudantes aprovados na primeira chamada do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e no vestibular tradicional da UnB. No CED 4 do Guará, seis alunos da escola vão ingressar no curso de graduação em 2023, número bem superior aos habituais dois ou três por ano.
“Sou o caçula e o primeiro de três irmãos a passar em uma universidade pública e a escola foi muito importante nesse processo. Foi o lugar onde tive acesso ao Ensino Técnico de Informação, que me ajudava nos estudos junto com os professores e as aulas voltadas para o vestibular”, lembra Paulo Henrique Rodrigues, 17 anos, ex-aluno do Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois.
Paulo está entre os aprovados na UnB para cursar Licenciatura em Letras. O estudante foi aprovado no PAS e no vestibular convencional da universidade. “Foram três anos de muita dedicação, estudava mais de oito horas por dia na escola e de noite ainda estudava em casa”. Paulo pretende se especializar para se tornar professor de Português.
A coordenadora pedagógica do Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois e professora de Sociologia, Luiza Oliveira, esteve à frente dos projetos de Ensino Integrado que funcionavam no contraturno das aulas. A escola criou grupos de estudos preparatórios para o PAS e ofereceu materiais de estudos e simulados aos alunos. Para a professora, tudo só foi possível graças à forte rede de apoio criada entre os professores e os estudantes.
“Utilizamos as reposições de sábado para fazer aulões, mas acima de tudo nós construímos um sentimento de que era possível e que todos ajudavam todos nesse processo”, diz Luiza. “O fundamental, para conseguirmos tantos alunos aprovados neste ano, foi ter construído essa rede de apoio para que estes estudantes acreditassem que são importantes e que eles merecem e podem sonhar em estudar em uma das melhores universidades do país”, finaliza.
A rede de apoio e incentivo dos professores também foi fundamental no Centro Educacional (CED) 8 do Gama. A escola oferece Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), com disciplinas e oficinas voltadas para o PAS e o Enem. Além disso, desenvolve também um projeto de iniciação científica que foi essencial para ajudar a ex-aluna Maria Luiza Ferreira, 18 anos, na escolha do curso de graduação. A estudante, aprovada na primeira etapa do PAS, vai cursar Biotecnologia na UnB.
“A professora de Química, Mônica, montou um projeto de iniciação científica de Engenharia na UnB e convidou algumas alunas para participar. Foi a partir desse projeto que me descobri e vi que eu poderia seguir por alguma área que envolvesse química experimental e pesquisa científica até descobrir a Biotecnologia”, explica Maria Luiza.
CEM 01 de Brazlândia
Mais doce que o morango de Brazlândia, só o número de aprovados do Centro de Ensino Médio (CEM) 1 da região. A escola coleciona um histórico de aprovações na UnB: em 2020, foram 68; em 2021, foram 26; e, em 2022, pelo menos 28 estudantes estão na lista dos aprovados na UnB – 23 na primeira chamada do PAS e cinco no vestibular tradicional.
“O projeto pedagógico da escola é voltado para esses vestibulares, onde são desenvolvidas atividades de redação, cadernos de provas similares ao PAS e ao Enem, além de acompanhamentos individuais. Pelo boletim escolar, conseguimos identificar as dificuldades de cada aluno e o desempenho adquirido ao longo das etapas das provas”, destaca o diretor da escola, Vinícius Alexandre.
“Estou muito feliz por ter conseguido passar em Química, mas confesso que foi difícil, principalmente por conta da pandemia. Pensei em desistir várias vezes por achar que não conseguiria”, explica Larissa de Carvalho, 18 anos. “Os conteúdos no horário contrário às aulas me ajudaram muito”, diz.
Segundo o diretor, a meta para este ano será intensificar e ampliar ainda mais o acesso dos novos estudantes aos projetos desenvolvidos na escola. “Estamos num retorno de pandemia, caminhando aos poucos, mas pretendemos ampliar ainda mais nossos projetos de acompanhamento dos vestibulares”, conclui.