Até junho, ação será realizada em mais regiões do DF e vai ajudar no treinamento de profissionais e estudantes de saúde
Aos 54 anos, o marceneiro João Batista de Jesus começou a ficar preocupado com dores e manchas na pele. “Com essa idade, eu estou correndo atrás da minha saúde”, afirma. Orientado sobre a possibilidade de ter contraído hanseníase, ele compareceu nesta terça-feira (18) ao consultório móvel que ficará estacionado em frente à Administração Regional de Planaltina até o dia 28 de abril. O projeto ainda irá percorrer outras áreas do Distrito Federal nos próximos dois meses e vai contribuir para combater a doença e treinar profissionais de estudantes da área de saúde.
Com quatro salas de atendimento a bordo, o Consultório Itinerante para Prevenção e Enfrentamento da Hanseníase (Cipeh) reúne até dez especialistas da Universidade de Brasília (UnB) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB). São médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e farmacêuticos capacitados para realizar o diagnóstico rápido e, se for o caso, iniciar o tratamento e fazer o encaminhamento para um centro especializado. Os pacientes já desembarcaram do veículo com as primeiras medicações.
Esses especialistas também vão fazer o treinamento prático de estudantes e de servidores das unidades básicas de saúde (UBSs), que diariamente realizam acolhimento de pacientes com suspeita da doença. “Ele vai poder tirar suas dúvidas, simular exames e ver todo o processo de atendimento, desde a atenção primária até o encaminhamento para serviços especializados”, explica o médico dermatologista Ciro Martins Gomes, professor da UnB.
A diretora de áreas estratégicas da atenção primária da Secretaria de Saúde, Paula Lawall, destaca a necessidade de oferecer o serviço na rede de 175 UBSs do Distrito Federal. “Buscamos a formação do profissional no sentido de que ele ganhe expertise para fazer a avaliação e a identificação precoce, evitando sequelas nessa população”, afirma.
Ao contrário da percepção popular, a hanseníase não é presente apenas em pacientes com múltiplas lesões e perda de movimentos, havendo testes rápidos para identificação ainda nos estágios iniciais. “Nós precisamos fazer o diagnóstico precoce, antes de ter lesão de pele”, detalha o coordenador de atenção às doenças transmissíveis na atenção primária à saúde do Ministério da Saúde, Cláudio Salgado. Ele destaca a importância de as pessoas procurarem atenção médica quando tiverem lesões na pele como alterações de sensibilidade.
Parceria
O Cipeh foi cedido para as ações no Distrito Federal pela Fundação Novartis, a partir de um pedido do Grupo de Apoio a Mulheres Atingidas pela Hanseníase (Gamah), organização da sociedade civil liderada pela aposentada Marli Araújo. “Eu adoeci em 1993 e meu diagnóstico só foi feito depois da aposentadoria, por conta das lesões. Quando eu vi a dificuldade do diagnóstico, eu decidi lutar para que as pessoas pudessem ter seu diagnóstico”, conta.
Representando a secretária de Saúde no evento de abertura das atividades do Cipeh em Planaltina, o subsecretário de logística em saúde, Maurício Fiorenza, destacou a importância da junção de esforços entre a pasta, a universidade, o Ministério da Saúde, o setor privado e a sociedade civil. “Essa parceria leva o serviço para mais perto dos cidadãos e traz luz para a questão do diagnóstico. Há a importância de fortalecermos isso”, afirmou.