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sábado, 23 novembro 2024
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O manual de sobrevivência financeira do apocalipse corona

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Por Yuri Mourão*

Diante de nós está um dos grandes desafios da geração. Alguns comparando com o esforço de guerra de períodos passados, no contexto de mobilização de capital, de pessoas (no caso, mais apropriado, de imobilização) e potencial de perdas de vida. O covid-19 será, com certeza, algo marcante no ano, e quem sabe na história da humanidade: a depender da intensidade de seu impacto. Nesses momentos de futuro turvo, onde a crise embaça nossa visão, temos de nos preparar como aquele americano lunático, dos filmes, que se prepara para o apocalipse, mesmo sendo apenas uma paranoia sua, com um bunker no porão de seu casa equipado com kits de sobrevivência. Aqui, porém, fiquemos apenas com a paranoia restrita as finanças pessoais. Queremos, portanto, dissertar sobre o guia de sobrevivência financeira em momentos de crise.

Longe de querer escrever algo oportunista sobre finanças pessoais de coisas do tipo: o que deveríamos ter feito antes da crise. Tais como as quais o homos economicus faria como, por exemplo, reserva de emergência constituída para os próximos seis a doze meses, orçamento familiar enxuto e adequado ao nível de renda, endividamento baixo e a paciência de monge tibetano para autofinanciar desejos de consumo. Isso porque não há nada mais inadequado do que martirizar-se por eventos do passado, além do mais é para frente que se anda. Dito isso, e dado as escolhas já feitas, a hora é de propor formas de melhor se posicionar diante do que se vem por ai. Então, segue o manual de sobrevivência financeira do apocalipse corona.

Regra numero 1. Acione o pessimismo. Nesses momentos, ser o lunático do bunker ou do alumínio na cabeça é o mais prudente. Afinal, aquele que está preparado para o pior, está preparado para qualquer coisa.

Regra número 2. Suspenda todo e qualquer consumo supérfluo planejado ou desejado para os próximos meses.

Regra número 3. Corte a quase zero qualquer gasto de lazer ou de luxo que havia fazendo parte do seu orçamento nos últimos anos. Se tem três assinatura de streaming, reduza para um ou zero. Se tem pacote de TV a cabo, vá para a aberta ou reduza o pacote. A quarentena já tirou os barzinhos, festas e outros do gênero: Ufa! Priorize o lazer gratuito como a leitura de livros, a conversa (distancia de 1 metro, viu?), youtube etc. Use a imaginação.

Regra número 4. Aqueles gastos que não dão para zerar, readeque com o seu consumo e reduza seu padrão de consumo. Isto é, elimine os desperdícios e mude, temporariamente, a forma como consumia alguns produtos e serviços, descendo um ou dois degraus do padrão de vida.

Regra número 5. Renegocie dívidas e prazos. O quanto antes você o fizer, melhor.

Regra número 6. As famílias costumam ter 50% da sua renda alocada naquilo que é chamado, genericamente, de gastos de manutenção de vida como moradia, alimentação, transporte. Aqui também vai ter que passar a tesoura, cortando o tanto quanto for possível, reduzindo o máximo que puder o padrão de vida habitual. É natural nessas circunstâncias, a procura de alternativas mais em conta, mesmo que não tragam a comodidade costumeira. Lembre-se: é por tempo limitado.

Regra número 7. Monte um lista dos objetos que você tem passíveis de serem vendidos. Possivelmente, deixe alguns já engatilhados. Lembre-se o mercado é oportunista o quanto mais desesperado você estiver, mais baixo será o preço da venda. Não espere as coisas piorarem, então.

Toda a lógica desses esforços é trazer ao individuo o protagonismo de seu destino, conscientizando-o que, no pior dos mundos, ele estará sozinho e responsável pela sua sobrevivência. Não adianta esperar dos céus (a sua divindade, por ventura, estará focada na proteção da sua vida, não da sua finança), do governo (a história conta por si só) ou qualquer outra coisa. É só você. E a redução consciente dos seus gastos é o caminho que te dará uma chance de passar por esse momento com a menor dor emocional possível. Parece contraintuitivo tal conselho, mas ele se baseia nas seguintes explicações:

  • Primeiro: à medida que se reduz seus gastos, você estará abrindo fluxo de caixa (dinheiro) para alocar em imprevisto (redução na renda, gastos médicos e emergências de toda a sorte). Ao passar do tempo, é esperado o agravamento da situação e, dado o tempo de acumulação, você terá uma reserva considerável. Essa situação é melhor do que a outra em que o imprevisto te pega e não tem um centavo no bolso.
  • Segundo: O ser humano tem problemas em ser obrigado a fazer coisas a contragosto. Se a crise te pegar, você será obrigado a fazer toda essa lista, e o pior no pior momento.

Depois de toda essa exposição você pode apostar no contrário, ou seja, na fala de beltrano de que é só uma marolinha ou na fala de sicrano de que é só uma gripezinha. A escolha é sua.

*Especialista em Finanças e Controladoria – Ibmec Business School

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