Começou na última quarta-feira (6) a Jornada da Mulher Trabalhadora no Riacho Fundo II. Os cursos gratuitos estão sendo ministrados no quadradão cultural da cidade, com realização da Secretaria do Trabalho (Setrab) e do Instituto Cultural e Social do Distrito Federal (InCS-DF).
São oferecidos seis cursos profissionalizantes: maquiagem profissional, design de sobrancelhas, extensão de unhas, cabeleireira profissional, secretariado administrativo e trancista. Cada um tem carga horária de 80 horas, divididas em 23 aulas de três horas, de segunda a sexta-feira, no período matutino ou vespertino.
No total, 1.500 mulheres se inscreveram em algum dos cursos, mas apenas 360 foram selecionadas. Quem ficou de fora da lista na primeira chamada, entrou no cadastro reserva e pode ser chamada, caso surja alguma vaga.
O encerramento da edição do Riacho Fundo II está marcado para o início de agosto, com a entrega dos certificados para as alunas. Para ter acesso ao documento, é preciso participar de, no mínimo, 18 aulas.
“O nosso objetivo é a qualificação dessas mulheres, dando oportunidade para um possível emprego ou autonomia para abrir o próprio negócio”, afirma a coordenadora-geral da edição realizada no Riacho Fundo II, Karina Martins. A região abriga 72.988 mil habitantes, sendo 50,9% do sexo feminino, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios 2021 (PDAD 2021).
Para o administrador regional, Rafael Mazzaro, a capacitação do público influencia diretamente no desenvolvimento social e econômico da cidade. “O mercado de trabalho exige conhecimento, então cursos gratuitos como esses são importantíssimos para a empregabilidade e a recolocação no mercado de trabalho das mulheres, ainda mais no período pós-pandemia”, avalia Mazzaro.
Força feminina
O sonho da estudante Caludy Vitório, 51 anos, é abrir um salão de beleza e ser chefe do próprio negócio. Por isso, ela não poupa esforços em se qualificar. Moradora de Santo Antônio do Descoberto, Goiás, ela já concluiu os cursos de cabeleireiro, manicure e maquiagem profissional, oferecidos pela jornada, e, atualmente, está matriculada na capacitação para trancista e designer de sobrancelha. “Com o certificado, você pode conseguir um emprego em qualquer salão, em outro estado e até no exterior. É a prova de que você sabe fazer”, avalia.
Antes de mergulhar nos estudos, Caludy trabalhou por 28 anos como cobradora de ônibus. A decisão de mudar de ramo surgiu quando percebeu que estava com sinais de depressão e que não tinha tempo para cuidar do filho autista, de 13 anos.
“Nós, mulheres, temos muito afazeres, muito mais do que os homens. Temos que cuidar de filhos, maridos, parentes e acabamos esquecendo da gente. Hoje eu sei fazer unha, cabelo, maquiagem, mas minha maior lição foi de que não posso desistir”, celebra Caludy, que atende clientes em domicílio enquanto não consegue abrir o próprio empreendimento.
A professora do curso de secretariado administrativo, Dalliana Fernandes, 35 anos, comenta que, mais do que qualificação profissional, as participantes são engajadas a acreditarem no próprio poder. “Em sala de aula, o que não faltam são histórias incríveis, vividas por mulheres incríveis. Mas, muitas estão em uma situação de vulnerabilidade, então ressalto que elas precisam se qualificar e acreditar na própria capacidade”, explica.
Para ela, mais do que a base teórica, as alunas precisam aprender a realidade atual do mercado de trabalho. “Falo muito sobre empoderamento feminino, oportunidades no mercado de trabalho, o que mudou após a pandemia, as oportunidades que são oferecidas pelo home office”, lista Dalliana, que é formada em recursos humanos e pós-graduada em coaching e processo seletivo.
A pedagoga Graziela dos Santos Barbosa, 41 anos, é aluna do curso de extensão de unhas e já se planeja para participar de outros, futuramente. Moradora do Riacho Fundo II, ela ficou desempregada no ano passado e viu no ramo da beleza uma oportunidade para se profissionalizar e empreender.
“Quero começar a trabalhar para mim mesma e, quando pensei em comprar os materiais, percebi que precisaria de uma qualificação para me colocar em um bom lugar no mercado”, conta Graziela.
Esforço contínuo
O projeto já passou por quatro cidades: Sobradinho, Itapoã, Riacho Fundo e Núcleo Bandeirante. Atualmente, está no Riacho Fundo II e em São Sebastião. Em breve, deve ocorrer no Sol Nascente, Paranoá, Planaltina, Sobradinho II e Santa Maria. A divulgação ocorre pelas redes sociais, mobilização presencial, panfletagem e passagem de carro de som pelas regiões.
Além da Jornada da Mulher Trabalhadora, a Setrab desenvolve os projetos Mulheres Vencedoras, Mulheres Empreendedoras e Tudo Por Elas, que visam a profissionalização feminina. De acordo com a pasta, os quatro projetos já qualificaram mais de quatro mil participantes.
“Esses programas são voltados exclusivamente ao público feminino, no sentido de diminuir a taxa de desemprego para esse público. Os cursos, também, são específicos com as demandas de mercado de cada região”, finaliza o secretário do Trabalho, Thales Mendes Ferreira.
Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília