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domingo, 9 março 2025
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Egressa da UEG que atuou em ‘Ainda Estou Aqui’ celebra Oscar

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O longa-metragem “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, entrou para a história como o primeiro filme brasileiro a vencer o prêmio de Melhor Filme Internacional na cerimônia do Oscar 2025, realizada no último domingo, 2, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Além da vitória histórica, o longa também foi indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz para Fernanda Torres, consolidando-se como um marco para a produção audiovisual nacional.

O reconhecimento da Academia coroa uma trajetória de sucesso da produção, que acumulou 38 prêmios nacionais e internacionais antes do Oscar, incluindo Melhor Roteiro no Festival de Veneza e o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama para Fernanda Torres. “Ainda Estou Aqui” é baseado no livro homônimo e autobiográfico do escritor Marcelo Rubens Paiva, que narra a história de seu pai, o deputado federal Rubens Paiva, preso e morto pela ditadura militar brasileira em 1971, no Rio de Janeiro. No filme, Rubens Paiva é interpretado por Selton Mello. A trama se concentra na trajetória da mãe do autor, Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres. Além de ser presa junto com uma de suas filhas, Eliana Paiva, Eunice enfrenta a dor e a incerteza pela perda do marido. Sua transformação de dona de casa a uma destacada liderança dos direitos humanos no Brasil, enquanto cria seus cinco filhos sob a perseguição do regime militar, é o núcleo da história.

A conquista do Oscar também reforça a contribuição de três mulheres goianas na produção. A maquiadora Ana Simiema, a produtora de arte Michelle Carneiro e a diretora de arte Wilma Morais, egressa do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), ajudaram na construção da ambientação e identidade visual do longa-metragem.

Egressa da UEG

Wilma Morais afirma que a vitória de “Ainda Estou Aqui” representa um “reconhecimento imenso para todo o cinema brasileiro”. Para ela, estar envolvida no projeto e ver o filme ganhar o prêmio “reforça a importância de contar nossas histórias com profundidade e excelência técnica”. Segundo a diretora, a conquista não pertence apenas à equipe do filme, mas a todos os profissionais do audiovisual brasileiro, especialmente aqueles que, assim como ela, têm origem fora do eixo tradicional de produção. “Espero que esse reconhecimento inspire mais profissionais de Goiás e de todo o país a acreditarem no potencial do nosso cinema e seguirem contando histórias que precisam ser ouvidas”, destaca.

Diretora de arte e produtora de objetos, Wilma conta que iniciou sua trajetória no audiovisual goiano, onde teve suas primeiras oportunidades na direção de arte, desenvolvendo um olhar apurado para a construção visual das narrativas. Desde então, atuou em diversas produções, tanto em Goiás quanto em São Paulo, assinando a produção de objetos da série “Rensga Hits!” (Globoplay) e trabalhando em longas-metragens como “O Maníaco do Parque” (Amazon Prime).

Sua experiência no filme “Ainda Estou Aqui” foi especialmente marcante. A diretora trabalhou na fase de produção em São Paulo. Ela conta que, nesse curto tempo, teve acesso ao minucioso trabalho de pesquisa desenvolvido pela equipe do Rio de Janeiro, percebendo “o quão cuidadosa foi a pré-produção da equipe de arte e objetos”. Wilma contribuiu ativamente na pesquisa e seleção dos objetos que compunham a casa de Eunice Paiva, personagem principal da narrativa. “Nessa etapa da história, ela já era uma mulher ativa, uma das primeiras juristas especializadas na defesa dos povos indígenas, e um dos grandes desafios foi justamente traduzir sua personalidade e trajetória por meio da ambientação de sua casa. Para isso, realizamos uma pesquisa detalhada e buscamos referências de profissionais da área, inclusive em Goiás”, relembra, ao detalhar um dos momentos mais significativos do trabalho.“Um dos aspectos que mais me marcou foi receber em casa um material da PUC-Goiás, cedido para compor o escritório da personagem e sua apresentação na faculdade onde lecionava”, diz.

Segundo Wilma Morais, o contato com a universidade foi feito pela equipe do Rio. “Quando o material chegou até mim, fiquei extremamente feliz ao reconhecer que vinha do meu estado. Foi um momento muito simbólico, pois reforçou a conexão entre Goiás e a história contada no filme, além de evidenciar a importância da pesquisa e do envolvimento de diferentes instituições na construção da narrativa”, relata. Ela conta ainda que a reconstrução histórica exigiu um olhar minucioso para cada detalhe, incluindo móveis e objetos de cena a pequenos elementos, como os itens indígenas, os papéis e os livros de trabalho da personagem, garantindo fidelidade ao período retratado. “Além disso, a mudança da família para São Paulo trouxe o desafio de preservar sua identidade visual enquanto evidenciávamos essa transição. Como eles ainda não tinham acesso ao dinheiro bloqueado de Rubens Paiva, os móveis principais foram mantidos, enquanto objetos menores foram ajustados para refletir a passagem do tempo e a nova fase de vida da personagem. O escritório de Eunice, por exemplo, sofreu mudanças sutis, reforçando visualmente sua adaptação a esse novo momento”.

Outro ponto destacado da experiência foi a dinâmica adotada durante as filmagens. No set de Walter Salles, era proibido o uso de celulares, regra que demandava dos envolvidos uma concentração total durante as gravações. Para a diretora, acostumada a uma rotina acelerada e à multitarefa, a medida representou um desafio inicial. “Mas acabou se tornando uma experiência valiosa para focar completamente na cena e no trabalho artístico”, completa, enfatizando como a experiência ampliou sua visibilidade como profissional fora do eixo Rio-São Paulo. “Trabalhar com cinema brasileiro é um desafio diário, ainda mais quando se trata de produções independentes em Goiás, onde estamos constantemente à mercê dos editais locais. No entanto, essa participação prova que é possível ultrapassar essas barreiras e ocupar novos espaços”, diz Wilma Morais, ressaltando como a UEG foi fundamental em seu percurso:

Acredito que essa representatividade também seja fundamental para outros estudantes e profissionais do estado. A universidade foi essencial para minha trajetória, não apenas pelo aprendizado técnico e artístico, mas também pelas conexões que me permitiram ingressar no mercado e consolidar minha carreira.

 

Fonte: UEG

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