Fotografias, projeções mapeadas, animações e pichações falam sobre segregação, violência racial e apagamentos históricos
A cidade onde você mora te representa? Esse é o questionamento que o Coletivo Coletores, criado pelos artistas Toni Baptiste e Flávio Camargo, leva para a exposição Signos de resistência, bordas da memória. A mostra gratuita fica em cartaz até 10 de setembro na galeria principal do Museu Nacional da República. São mais de 250 obras (50 delas inéditas) e trabalhos emblemáticos da dupla.
Intervenções urbanas digitais, fotografias, projeções mapeadas, animações, pichações e instalações multimídia permitem que o público lance um olhar sobre os símbolos que representam luta e resistência não apenas no território brasileiro, mas também em outros países em desenvolvimento. A exposição busca recontar a história do Brasil a partir de suas memórias apagadas, da violência física e racial, e da segregação.
“O Coletivo Coletores traz elementos que estão contidos no cotidiano de várias pessoas ligadas à resistência: a bandana, a flecha, a bala, o fogo…”, conta a curadora da mostra, Aline Ambrósio. “Os artistas usam uma linguagem poética e acolhedora para gerar reflexão, para que as pessoas olhem para os territórios e percebam se eles nos representam”, completa.
A mostra é organizada em seis núcleos. Na sessão Ícones da Resistência, figuras da resistência brasileira, pessoas negras, originárias e periféricas, são homenageadas. Já na ala Bandanas-Bandeiras, esses elementos identitários são apresentados em diferentes formatos, como fotografia, vídeo e instalação, demonstrando sua diversidade poética, política e estética.
O núcleo Arquitetura: Territórios de Memória mostra a apropriação da cidade e a relação dos artistas com a arquitetura e o território. A sessão PALAVRACIDADE concentra trabalhos dedicados à palavra como uma ferramenta de resistência e existência. Em Costurando Bordas o Coletivo Coletores traz ao público uma espécie de ateliê aberto, dando destaque à moda, à música, ao comportamento e ao entretenimento.
Por fim, o núcleo Percursos Insurgentes traz a representação do ledtruck. O veículo, munido de um grande painel de LED, começou a ser usado pelo Coletivo Coletores durante a pandemia para levar palavras e imagens de manifesto contra apagamentos históricos, violências sociorraciais, injustiças globais e desigualdades.
No Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, o Coletivo Coletores fará uma ação presencial no Museu da República. “Os artistas farão projeções na fachada do espaço para homenagear a data”, adianta Aline. A intervenção urbana digital poderá ser conferida das 19h às 22h.
Signos de resistência, bordas da memória
Museu Nacional da República
Até 10 de setembro, de terça a domingo, das 9h às 18h30
Entrada gratuita
Censura livre