O auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (CREA/DF) foi palco, na noite de 30 de outubro, do Seminário Transição Energética, parte do Programa de Desenvolvimento da Energia Solar do Distrito Federal, idealizado pelo Sebrae no DF. O evento reuniu representantes do setor produtivo, autoridades governamentais, acadêmicos e demais parceiros para debater políticas públicas e boas práticas, visando posicionar Brasília na vanguarda das fontes limpas e sustentáveis em um contexto global de urgência climática.
O seminário ocorreu em um momento em que o Brasil e o mundo se preparam para a COP 30, programada para 2025 em Belém do Pará, onde serão discutidas ações concretas para a mitigação das mudanças climáticas e a redução das emissões de CO2. Durante o evento, foram exploradas proposições para a geração de energias renováveis, destacando a importância das micro e pequenas empresas nesse processo, além do papel das engenharias e geociências na segurança energética e na proteção ambiental.
“Este evento é fundamental para promover e discutir a transição para energias renováveis, que são mais sustentáveis e inclusivas, o que resulta positivamente para o Distrito Federal, especialmente diante dos desafios ambientais e sociais. A energia é um fator-chave de produção que influencia a quantidade de empresas, e sua escassez impacta diretamente o crescimento econômico. A diversificação da matriz energética não só cria empregos em setores emergentes, mas também melhora a qualidade de vida dos cidadãos”, pontuou Ricardo Robson, gerente de Atendimento Personalizado do Sebrae no DF, na abertura do evento.
–
Na ocasião, Ricardo também destacou o Inova 2025, um evento que irá explorar como a inovação pode transformar o centro do país, posicionando Brasília como protagonista de um futuro mais empreendedor, conectado e próspero. O encontro ocorrerá nos dias 10 e 11 de abril de 2025.
A governança foi um dos principais temas discutidos durante todo o evento, com ênfase em sua implementação em diversas áreas, especialmente no setor energético. Nesse contexto, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, aproveitou a oportunidade para aprofundar a discussão, diante da sua vasta experiência.
“Como podemos fomentar investimentos em empreendedorismo se não dispusermos de governança, confiança, regras de integridade e transparência? A governança é essencial para o país. Temos avançado significativamente nessa área no tribunal, com um trabalho ágil e eficaz. Hoje, o Tribunal de Contas da União é reconhecido como um dos mais avançados do mundo”, afirmou Nardes.
–
A energia solar tem se destacado como uma das fontes mais promissoras e sustentáveis, com o Distrito Federal oferecendo condições climáticas e geográficas extremamente favoráveis para fortalecer ainda mais sua matriz energética.
Adriana Resende, presidente do CREA/DF, apresentou dados relevantes sobre o setor. Segundo ele, atualmente a fonte solar fotovoltaica no Brasil ultrapassa 48 gigawatts de potência instalada, equivalente a quatro usinas de Itaipu e representa mais de 20% da matriz elétrica nacional. Isso se traduz em mais de 4 milhões de empregos gerados, 222 bilhões em investimentos e 68 bilhões arrecadados em tributos. ‘‘Brasília ocupa a liderança no ranking de geração de energia solar e, nos últimos dois anos, subiu da 20ª para a 18ª posição no cenário nacional”, considerou.
Durante toda à noite, diversos palestrantes abordaram temas relevantes, como a visão do setor fotovoltaico, o papel dos cartórios no mercado de crédito de carbono brasileiro, a governança das energias renováveis no Distrito Federal e a aplicação de práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) em diferentes áreas.
Claudia Leite, executiva fundadora e chief purpose officer da Hilo Estratégia e Propósito, destacou a necessidade de implantações de técnicas sustentáveis neste cenário. Para ela, o ESG trouxe métricas e critérios que dinamizaram o setor, embora ainda seja um conceito relativamente novo e é por isso que esse conhecimento precisa ser difundido. ‘‘É essencial apoiar pequenas e médias empresas para que elas consigam mapear seus impactos atuais. Precisamos entender a realidade delas, identificar os pontos positivos e os possíveis riscos, além de planejar ações efetivas. Acredito que, independentemente da complexidade das certificações, devemos garantir que as práticas sejam realmente legítimas e que os compromissos sejam cumpridos”, citou.
Na continuidade do evento, especialistas se reuniram para debater temas relacionados à transição energética. Milena Sabino, gestora de energia solar do Sebrae no DF, salientou a importância da qualificação profissional para o desenvolvimento de energias renováveis nos próximos anos. “O Sebrae está promovendo uma jornada de capacitação focada em energia solar e, atualmente, estamos desenvolvendo uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do DF (Senai/DF) para oferecermos ainda mais conhecimento. Essa iniciativa irá abranger tanto a gestão quanto a parte técnica, reconhecendo a importância de capacitarmos os profissionais responsáveis pelas instalações e pela administração desses sistemas”, explicou a gestora.
Milena também enfatizou a necessidade de preparar as pequenas empresas para um mercado em crescimento no Distrito Federal. “O setor de energia solar está em ascensão e precisamos garantir que os negócios estejam preparados para os desafios futuros. Estamos prontos para oferecer uma jornada de capacitação de excelência. Acreditamos que o mercado vai se expandir significativamente no próximo ano, mas para isso, a capacitação é essencial. Ninguém consegue avançar sozinho, a colaboração e as parcerias são fundamentais para impulsionar essa área”, concluiu.
Carta Aberta
–
Uma das iniciativas mais relevantes do seminário foi a apresentação da Carta Aberta em Defesa da Transição Energética no Distrito Federal, que reafirma o compromisso com uma matriz energética diversificada e sustentável.
Durante o evento, os participantes assinaram o documento, que propõe ações como incentivos fiscais, uma infraestrutura robusta, programas de capacitação, parcerias com instituições de pesquisa e inovação, e estímulo ao mercado de crédito de carbono.
O encontro resultou no compromisso de criar uma agenda permanente para avançar na construção de uma matriz energética renovável na capital federal. Os presentes tiveram a oportunidade de assinar o documento, ressaltando que a transição energética é fundamental para a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico e social.
A adoção de fontes renováveis, como solar, eólica e hidrogênio verde, nos setores industrial e de transporte, fará a diferença. Essa integração, junto a políticas de governança ESG e a promoção da eletromobilidade, busca transformar comportamentos, reduzir emissões de gases de efeito estufa, diminuir custos de energia e gerar novas oportunidades de emprego verde.
–
–
–
–