A Simões de Assis apresentará entre os dias 27 de março e 10 de maio uma exposição com pinturas inéditas de Jorge Guinle (1947-1987), em São Paulo. A mostra “Infinito” apresenta um conjunto de 10 obras, sendo nove em grande formato, realizadas pelo artista durante sua temporada em Nova York, entre 1985 e 1986. Pela primeira vez reunidas e trazidas ao Brasil, essas pinturas marcam um momento singular em sua trajetória, combinando maturidade artística com a densidade emocional que permeou seus últimos anos de vida.
No período em que produziu essas telas, Guinle participou da 17ª Bienal de São Paulo e realizou exposições individuais em importantes galerias. Paralelamente, enfrentava o impacto de um diagnóstico de doenças relacionadas à aids, que levaria ao seu falecimento em 1987. As telas dessa fase nova-iorquina revelam um percurso intenso e visceral, no qual suas composições se tornam mais diluídas e translúcidas, sem perder a vibração gestual e cromática que caracterizou sua obra.
A exposição conta com texto assinado por Vanda Klabin, curadora, historiadora e amiga próxima do artista, que contextualiza a importância desse conjunto dentro da produção de Guinle. Reconhecido por sua abordagem singular dentro da pintura contemporânea brasileira, ele estabeleceu um diálogo intenso com as tendências internacionais da época, como o expressionismo abstrato e a pintura norte-americana do pós-guerra. Ao longo de sua curta, mas intensa carreira, Guinle foi um dos grandes incentivadores da revalorização da pintura nos anos 1980, sendo uma referência fundamental para a chamada Geração 80. Seu trabalho era marcado pelo gestual enérgico, pelo uso audacioso das cores e pela busca constante de uma harmonia dissonante, que se distanciava das vertentes conceituais predominantes na década anterior.
A série de pinturas realizadas no Kaufman’s Studio, em Nova York, permaneceu inédita até o momento, mesmo sendo considerada uma das mais significativas de sua carreira. As nove pinturas foram localizadas pela galeria Simões de Assis e trazidas para primeira exposição no Brasil, ao lado de outras obras produzidas entre 1985 e 1986; elas consolidam o estilo único do artista, que soube capturar tanto a energia do cenário artístico internacional quanto às especificidades do contexto brasileiro.
Jorge Guinle Filho nasceu em Nova York em 1947 e passou parte de sua vida entre o Brasil, Paris e Nova York. Autodidata, aprofundou seus estudos em pintura a partir do contato direto com grandes mestres do modernismo, como Henri Matisse, além de influências decisivas da action painting e da pop art. Sua produção, concentrada nos últimos sete anos de vida, revela um comprometimento absoluto com a pintura como experiência vital.
Com esta exposição, a Simões de Assis pretende trazer ao público obras fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, promovendo a redescoberta de um dos grandes nomes da pintura do século XX.
Sobre Jorge Guinle
Jorge Guinle Filho (Nova York, EUA, 1947 – 1987) viveu entre o Rio de Janeiro e Paris durante o período de 1965 a 1977, fixando-se na cidade carioca em 1977. Nos anos seguintes, o clima de abertura política no país favoreceu as manifestações artísticas e Guinle retomou sua carreira em uma trajetória muito rápida: trabalhou por sete anos, nos quais produziu obras marcantes. Entre 1980 e 1982, realizou entrevistas para a revista Interview, de circulação nacional, com importantes artistas brasileiros, entre eles Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Lygia Clark, Mira Schendel e Cildo Meireles.
Sua obra integra coleções importantes como Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey, México; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Brasil; Centro Cultural Cândido Mendes, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil; Coleção Roberto Marinho, Brasil; Coleção José Olympio Pereira, Brasil; Coleção Hecilda e Sérgio Fadel, Brasil; Coleção Ronaldo Cezar Coelho, Brasil; Coleção Ricardo Akagawa, Brasil; e Coleção Orandi Momesso, Brasil.
Sobre Vanda Klabin
Vanda Mangia Klabin (Rio de Janeiro) é cientista social, historiadora e curadora de artes plásticas. Formada em Ciências Políticas e Sociais, graduou-se também em Educação Artística e História da Arte, com pós-graduação em História da Arte e Arquitetura pela PUC/Rio. Foi coordenadora adjunta do Curso de Especialização em História da Arte e de Arquitetura no Brasil, PUC-Rio, entre 1983 e 1990. Dirigiu o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, 1996-2000, onde realizou exposições de artistas brasileiros e estrangeiros. Foi coordenadora adjunta de Brasil + 500 Mostra do Redescobrimentos, na Bienal de São Paulo, 1999-2000, e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira – 1950/1960, integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, Bozar, em Bruxelas, Bélgica (2011-2012). Participou regularmente de conselhos consultivos em instituições como o Paço Imperial, Dia Center for the Arts, ICOM, Museu da Chácara do Céu – Fundação Raymundo Castro Maya, Prêmio Pipa, entre outras. Atualmente, trabalha como consultora e curadora independente para museus, instituições e editoras.
Sobre a Simões de Assis
Desde a sua abertura, em 1984, a Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e contemporânea, especialmente para a produção latino-americana. Ao longo de quatro décadas de trabalho, a galeria se especializou na preservação e na difusão do espólio de importantes artistas como Abraham Palatnik, Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Emanoel Araujo, Ione Saldanha e Miguel Bakun, contando com a parceria de famílias e fundações responsáveis.
A partir do contato estreito com pesquisadores e curadores, a Simões de Assis conseguiu a articulação necessária para difundir e representar seus artistas no Brasil e no exterior. Ampliando o alcance no mercado de arte do Brasil, atualmente, a galeria tem três espaços: em São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Balneário Camboriú (SC), estimulando trocas e debates, além de fomentar o talento e a carreira de seus artistas.
Serviço
“Infinito”, exposição individual de Jorge Guinle
Período expositivo: 27 de março a 10 de maio de 2025
Local: Simões de Assis | Alameda Lorena, n° 2050 – térreo – Jardins – São Paulo/SP
Horário de visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h | sábados, das 10h às 15h
Entrada gratuita
@simoesdeassis_
www.simoesdeassis.com